sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Destilando Conceitos – Terrenos e Desafios: Pântanos

Destilando Conceitos – Terrenos e Desafios: Pântanos

Pântanos são biomas caracterizados pela presença de água parada e pouco profunda assentada sobre um solo impermeável e bastante rico, com vegetação muito densa que satura a água com material decomposto. Pântanos costumam ocorrer em quase todos os climas, com exceção aos mais frios, e são o lar de muitas formas de vida, sejam elas naturais ou fantásticas. Lembro-me da primeira vez em que me aventurei em um pântano: era fétido e escuro, com barulhos estranhos e cheiro de animais em decomposição por toda a parte – depois acabei descobrindo que muitas vezes o cheiro de animais em decomposição vem do próprio pântano, e não de animais propriamente ditos.



Em minha ingenuidade inicial, imaginei que pântanos só eram formados em água doce, afinal, como aventureiro novato nunca havia explorado mais do que uns vinte quilômetros de minha vila, mas fui longe o bastante para conhecer um pântano. Lago da Viúva, ele era chamado, e era evitado por muitos dos homens e mulheres mais ingênuos da cidade, e sempre foi fácil descobrir o porque: era escuro, tinha um cheiro estranho e os animais que ali viviam aprenderam a se esconder e adaptar. Certa vez ouvi histórias sobre um tipo de goblin que amarrava uma grossa casca de árvore com musgo nas costas e cortava os dedos daqueles corajosos ou burros o suficiente para enfiar a mão na água, parece fantástico e na verdade era mesmo. O “vilão” da fábula era na verdade uma espécie bem estranha de tartaruga, bastante violenta e com uma mordida forte o suficiente para arrancar sua mão, mas ainda sim, uma tartaruga.

Com o tempo descobri que os pântanos também ocorrem no litoral, na maioria das vezes num braço de mar, quando um rio se encontra com o oceano e possuem uma fauna bem característica, embora a flora das duas regiões seja basicamente constituída por plantas que resistem a bastante quantidade de água – enquanto outras simplesmente apodrecem devido à saturação – mas também resistem a solos pobres em nutrientes.

A fauna do pântano é bastante diversa e muito resistente. O local é bastante frequentado por répteis, em especial tartarugas, serpentes e crocodilos, mas você esta severamente enganado se imagina que há pouca vida neste ambiente: muitas espécies de pássaros, peixes e até alguns mamíferos fazem dos pântanos seu lar, embora acabem se adaptando e especializando demais, o que pode ser um problema para um comerciante de animais exóticos ou um mago que quer um familiar diferente para ostentar.

A fauna e flora fantástica do pântano é uma beleza à parte e muitas criaturas que conhecemos optam por viver aqui, mas se adaptam ao local e acabam se transformando, quase em outra espécie: Algumas tribos orcs, goblins e trolls estão aqui a tanto tempo que o tom de sua pele assumiu um tom escuro, uma mescla de preto e marrom, que os deixa quase invisíveis na água e na vegetação próxima a ela. Dragões negros, tartarugas-dragão e medusas veem nos pântanos um local propício para seus covis, enquanto harpias fazem seus ninhos na copa das árvores mais altas.
 
Alguns humanos e halflings também fazem dos pântanos seu lar, em casas flutuantes ou estabelecidas em pequenas ilhotas no meio do rio ou das lagoas de água escura que se formam no pântano. Estes habitantes se chamam carinhosamente de cajuns, e possuem muitas tradições que podem ser bastante estranhas para os habitantes de outras partes do reino. Alguns são adeptos de religiões um tanto estranhas, como o voodoo e religiões xamânicas, que se conectam com os espíritos do pântano.
 
Mas os maior perigo do pântano é o próprio pântano. Suas condições diferenciadas fazem com que alimentos e roupas se degradem muito rápido. Alguns aventureiros veem suas armaduras e armas serem devoradas pela ferrugem e ficarem inutilizadas em apenas algumas semanas. O terreno no pântano também é um complicativo: embora seja bastante sólido, muito material orgânico esta depositado sobre ele, e tombos e escorregões são comuns, assim como áreas alagadiças que não deixam nada a dever às areias movediças do deserto. Sua fauna também pode ser bastante perigosa: predadores como crocodilos – e os gigantescos crocodilos de água salgada – serpentes, titanoboas e escorpiões são imprevisíveis e quase invisíveis em seu habitat, fazendo com que mesmo o mais experiente ladino ou patrulheiro tenha dificuldade de detecta-los. A flora também pode ser um complicativo, pois muitas arvores possuem raízes aéreas, que podem empalar um aventureiro descuidado, ou grandes campos de taboa trançadas, que dão uma falsa sensação de estabilidade, mas que na verdade estão sobre grandes e perigosos bolsões de água que podem facilmente afogar um aventureiro.
 
Aqueles que desejam se aventurar nos pântanos, preparem-se para perigos muito maiores do que aqueles que encontramos nas masmorras, mas preparem-se para se deparar com um lugar mágico e desafiador.

Das anotações de Marie Baptiste Jacques, da Casa Custaeou, Acadêmica da Universidade de Taliba.

Regras Alternativas
Pântanos podem ser lugares bastante perigosos e atrapalhar a viagem dos aventureiros por sua natureza. Caso o mestre queira dar aquela sacane..., digo, veracidade à uma aventura no pântano, ele pode adotar as seguintes regras alternativas:
1 – Apodrecimento de provisões: a umidade dos pântanos pode estragar provisões muito rapidamente. Considere que as provisões, se não armazenadas adequadamente, duram metade do tempo normal;
2 – Infecções: qualquer machucado pode infecionar – e infeccionar feio – em ambientes pantanosos. Considere que qualquer machucado, proveniente de dano ou acidente, tem 3% de chance de infecionar. Aumente esta margem em +3% para cada hora que o personagem permanecer no pântano. Um machucado infeccionado reduz a Constituição do personagem em 1 para cada hora que permanecer no local (ele tem direito a um teste de JP de Constituição para negar os efeitos, mas o teste não nega efeitos já ativos da infecção). A magia Curar ferimentos ou os devido socorro impede a infecção, mas não nega efeitos já ativos;
3 – Medo: Personagens não nativos que permaneçam no pântano por muito tempo (Sabedoria/30min) podem sofrer complicações mentais, podendo apresentar paranoia e medo. Considere que ele recebe -1 em seus testes devido a condição mental.  Um teste de JP Sabedoria para negar os efeitos. Outras incursões diminuem o medo, aumentando o tempo de permanência em Sab/h, Sabx2hs até que os efeitos passam a não existir;
4 – Magia: Caso você utilize as regras alternativas de Magia Elemental e Linhas de Ley, considere que os pântanos são nodos de magia de trevas e mecas de magia de luz.
 
 
Considerações
Algumas coisas que devem ser levadas em consideração durante aventuras no pântano:
1 – Água: Embora não seja poluída, a água dos pântanos é saturada. Beber água dos pântanos sem o devido tratamento pode causar doenças nos personagens (diarreia é o mais provável...);
2 – Ferimentos: Os personagens tem 5% de chance de se ferir nas plantas, árvores e no solo dos pântanos (tombos, escorregões...). O dano causado é irrelevante, mas pode gerar infecções (ver Regras Especiais);
3 – Perigos: Serpentes, crocodilos, escorpiões, tartarugas, raízes aéreas... Embora sejam elementos naturais, configuram verdadeiras e inesperadas armadilhas do terreno. Uma serpente confundida com um cipó ou um jacaré com um tronco podem ser letais;
4 – Terreno difícil: O pântano pode parecer bastante simples de se viajar, uma vez que não há grandes elevados, mas seu terreno é bastante escorregadio, com poças grudentas de material decomposto e grades charcos que escondem bolsões de água abaixo da superfície. Um personagem que caia em um bolsão, por exemplo, pode ter dificuldades de sair e morrer afogado, enquanto inimigos podem se aproveitar de grupos inteiros presos em campos alagadiços.

Espero que gostem!

Não deixem de comentar, seu feedback é muito importante!

Templário de Thiro (casadoalquimista@gmail.com)

2 comentários:

  1. Muito joia. Deu-me altas ideias a sua postagem. Parabéns!

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    1. Obrigado pelo retorno, Giovane! Me mande relatos das aventuras do seu grupo pelas terras pantanosas! Abraços!

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