Destilando
Conceitos: Panteões – Teogênese, pt.4 – Seguidores e Fiéis.
Olá,
Bravos!
Sei
que demorou, mas segue a quarta e última parte desta matéria!!!
Até
agora, vimos à origem dos deuses, conceitos de religiões, as relações divinas e
os deuses em números, mas fica a pergunta: e os sacerdotes? Como
interpreta-los? Quais são sua obrigações? Três artigos foram dedicados aos
Forjadores de Mundos – vulgo mestres – então agora vamos abrir espaço para os
jogadores e exploradores.
Como um
Clérigo se comporta?
Clérigos
são um reflexo de sua divindade. Pode ter parecido estranho eu falar de deuses
antes de falar de seus sacerdotes, mas é exatamente a forma com que uma
divindade se vê ou se comporta que dita o comportamento de seus clérigos: Uma deusa
alegre e vivaz provavelmente terá sacerdotes alegres e vivazes; um deus da
luxúria terá clérigos libidinosos e conquistadores; uma divindade guerreira
terá clérigos corajosos, sisudos e bélicos.
Deixe
clara qual é o comportamento da divindade e de seus clérigos. Isto facilita a
interpretação e a imersão no personagem.
Como é a
relação do clérigo com a divindade?
A
fantasia medieval permite que a interação entre as divindades e os sacerdotes
possa ser bem próxima: em casos de divindades menores, por exemplo, o fiel pode
simplesmente marcar uma audiência com seu deus, ou mesmo dividir um campo de
batalha com ele! Os clérigos da fantasia medieval tendem a ser mais próximos
das divindades do que sacerdotes de outros cenários e o contrario também é
verdadeiro, com deuses passionais, paternalistas e ciumentos. Alguém se lembra
do Paladino de Jalar, da Dragão Brasil? Fulminado por uma deusa ciumenta! E o
que dizer dos deuses gregos em Fúria de Titãs (eu sei, o filme é uma bosta,
perda de tempo...), ou na série de televisão Hércules?
Permita
que o clérigo mantenha uma relação estreita com a divindade, mesmo que ela
nunca responda diretamente ou nunca apareça. Utilizar sentenças como “você sente que uma presença invisível mostra
o caminho” ou “após as orações sua
noite de sono parece ter sido vigiada por um anjo” podem parecer piegas,
mas fazem com que o personagem se sinta mais conectado com a divindade. Ir para
um campo de batalha por ordem divina pode parecer forçado para um jogador e
fútil para qualquer outra classe, mas “sentir
seu peito inflamado pela coragem que emana do próprio campo de batalha” é
uma coisa que só um clérigo pode sentir!
E
você, caro explorador, torne a divindade presente em sua vida, cite histórias,
crie eventos do passado de sua divindade para inspirar seus aliados – e tenha
certeza que o forjador de mundos vai utilizar uma boa história na descrição de
suas divindades –, faça preces de batalha em voz alta antes de usar um poder! Tenha
certeza que “eu lanço cura” nunca vai
superar “Ó, Gloriosa Lena, senhora da
vida, permita que minhas mãos fechem as feridas deste filho!” em termos de
interpretação!
Como
definir limites e restrições aos sacerdotes?
Mas
veja que nem tudo são flores: Deuses devem impor restrições a seus seguidores. Existe
uma escala de importância e peso nos limites que um sacerdote possui que vai de
algo mais básico a restrições realmente pesadas. Em escala de importância,
classifico as restrições em Tabus, Obrigações e Votos:
Tabus:
Tabus são conjuntos de pequenas normas ou atitudes comuns que são proibidas ou
restritas a determinadas culturas. Um sacerdote que quebre um tabu pode se
redimir com jejuns, orações, claustro, punições físicas, confissão ou mesmo
perdão concedido por um clérigo superior. Alguns tabus comuns incluem: Comidas,
roupas, contato com determinado tipo de pessoa ou casta, relacionamentos com
outras raças, mostrar ou esconder o rosto... Tabus abrangem um grande numero de
restrições e pequenos rituais que são importantes para uma cultura ou
indivíduo, mas que talvez não sejam partilhados por todos os seguidores de uma
religião.
Tabus
são as restrições mais leves de um sacerdote, e não implicam na perda de seus
poderes (talvez uma penalidade de -2 em alguns testes) e pode ser redimido com
confissões, jejuns e orações.
Obrigações:
Obrigações são rituais básicos, mas obrigatórios, impostos aos sacerdotes. Aqui
entram sacrifícios pessoais (como meditar algumas horas por dia, se punir
fisicamente...), morais (tentativas de conversão, pregação em nome da divindade...)
ou materiais (sacrifícios materiais, de animais...). Outras obrigações menos
pesadas podem incluir cuidar dos templos, dar de comer aos pobres, abençoar
cavaleiros e paladinos, tocar o sino da igreja, etc.
Uma
obrigação violada pode implicar na perda temporária de alguns poderes do
clérigo, mas também podem ser redimidas, seja através de uma missão sagrada
mais leve, clausura ou outro tipo de imposição (como silêncio ou restrição
alimentar), ou mesmo um período determinado pela divindade (que pode variar de
um dia a um mês, por exemplo).
Votos:
Os votos costumam ser as restrições mais pesadas impostas a um sacerdote.
Enquanto a quebra de um tabu pode ser perdoada, a quebra de um voto pode render
efeitos psicológicos graves a um indivíduo, podendo levar muito mais do que a
perda de seus poderes... Alguns votos comuns são:
Castidade: O voto de castidade não permite que o
clérigo mantenha contatos íntimos com o sexo oposto, com o mesmo sexo ou com o
que quer que seja, mantendo-se casto e puro;
Celibato: Diferente da castidade, o voto de
celibato não permite que o clérigo se case ou tenha uma família. Normalmente
este voto é associado ao voto de castidade;
Clausura: O Clérigo é impedido de sair de um
determinado local, seja este um quarto, mosteiro ou as imediações da cidade;
Honestidade: O Clérigo é proibido de mentir ou
omitir informações;
Peregrinação:
Pouco comum nos dias de hoje, este voto impunha uma busca perpétua por um
ideal, tornando o sacerdote um monge peregrino;
Pobreza: O clérigo não pode acumular riquezas,
doando todo o seu rendimento para sua igreja ou para os pobres;
Silêncio: O sacerdote é impedido de falar, seja
por obrigação ou por sacrifício.
Quebrar
um voto é algo grave e impõe pesadas penalidades (-2 em todos os testes, por
exemplo) e a perda total de seus poderes, até que sua divindade o perdoe ou que
uma missão sagrada seja cumprida pelo sacerdote.
Como
diferenciar um Sacerdote?
È
comum olharmos para os clérigos e enxerga-los de forma pasteurizada e
semelhante: homens de toga ou batina com uma maça na mão, mas a verdade é que,
assim como no mundo real, clérigos de cenários de fantasia são bastante variados.
Novamente aqui entram as preferências da divindade: Uma divindade da chuva, por
exemplo, que exige o uso de batinas, estola, casula e não permite o uso de armas
cortantes talvez tenha um clérigo parecido com os padres católicos, vestidos de
tons de azul e negro, portanto uma maça nas mãos; uma divindade solar pode
exigir que seus sacerdotes usem saiotes brancos, amito, sandálias, coroas
solares, apetrechos de ouro e permita o uso de espadas, neste caso nosso
clérigo pareceria mais um faraó do que um padre católico. A diversidade de vestimentas
é imensa, e pode até mesmo transcender o estereótipo das classes, com
sacerdotes de divindades da magia impossíveis de se diferenciar de um mago ou
clérigos de uma divindade bélica que não se diferenciam de um guerreiro ou
cavaleiro (visualmente falando).
Veja
que a diferenciação também é simbólica: se temos um bando de clérigos de
Nereus, o deus das águas doces e do inverno, andando por aí, mas como diferenciar
de poder? Uma opção bem interessante é usada pelos Meistres de GoT, onde cada
um recebe um elo de corrente de cor específica a medida que aprende assuntos
específicos. Outra opção é utilizar hierarquias e símbolos para diferenciar
clérigos noviços de clérigos mais poderosos.
Bom,
pessoal, acho que por hoje é só. Sei que ficaram assuntos sem abordar, como “como
criar poderes para clérigos”, mas alguns temas que não abordei aqui são longos
e complexos demais para este tipo de matéria (mas isso não significa que não vá
escrevê-los no futuro).
Espero
que tenham gostado e que os
artigos tenham ajudado.
Não
deixem de comentar, seu feedback é muito importante!
Templário
de Thiro (casadoalquimista@gmail.com)
Parte
1 desta matéria: Teogênese, pt.1 – Origens, Conceitos e Poder
Parte
2 desta matéria: Teogênese, pt.2 – Os deuses e o mundo
Parte
3 desta matéria: Teogênese, pt.3 – O poder dos Números
Muito legal, os quatro posts foram muito bons !!
ResponderExcluirObrigado pelo retorno, Sakai!
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