sexta-feira, 27 de junho de 2014

Destilando Conceitos: Panteões – Teogênese, pt.4 – Seguidores e Fiéis

Destilando Conceitos: Panteões – Teogênese, pt.4 – Seguidores e Fiéis.

Olá, Bravos!

Sei que demorou, mas segue a quarta e última parte desta matéria!!!

Até agora, vimos à origem dos deuses, conceitos de religiões, as relações divinas e os deuses em números, mas fica a pergunta: e os sacerdotes? Como interpreta-los? Quais são sua obrigações? Três artigos foram dedicados aos Forjadores de Mundos – vulgo mestres – então agora vamos abrir espaço para os jogadores e exploradores.

Como um Clérigo se comporta?

Clérigos são um reflexo de sua divindade. Pode ter parecido estranho eu falar de deuses antes de falar de seus sacerdotes, mas é exatamente a forma com que uma divindade se vê ou se comporta que dita o comportamento de seus clérigos: Uma deusa alegre e vivaz provavelmente terá sacerdotes alegres e vivazes; um deus da luxúria terá clérigos libidinosos e conquistadores; uma divindade guerreira terá clérigos corajosos, sisudos e bélicos.

Deixe clara qual é o comportamento da divindade e de seus clérigos. Isto facilita a interpretação e a imersão no personagem.

Como é a relação do clérigo com a divindade?

A fantasia medieval permite que a interação entre as divindades e os sacerdotes possa ser bem próxima: em casos de divindades menores, por exemplo, o fiel pode simplesmente marcar uma audiência com seu deus, ou mesmo dividir um campo de batalha com ele! Os clérigos da fantasia medieval tendem a ser mais próximos das divindades do que sacerdotes de outros cenários e o contrario também é verdadeiro, com deuses passionais, paternalistas e ciumentos. Alguém se lembra do Paladino de Jalar, da Dragão Brasil? Fulminado por uma deusa ciumenta! E o que dizer dos deuses gregos em Fúria de Titãs (eu sei, o filme é uma bosta, perda de tempo...), ou na série de televisão Hércules?

Permita que o clérigo mantenha uma relação estreita com a divindade, mesmo que ela nunca responda diretamente ou nunca apareça. Utilizar sentenças como “você sente que uma presença invisível mostra o caminho” ou “após as orações sua noite de sono parece ter sido vigiada por um anjo” podem parecer piegas, mas fazem com que o personagem se sinta mais conectado com a divindade. Ir para um campo de batalha por ordem divina pode parecer forçado para um jogador e fútil para qualquer outra classe, mas “sentir seu peito inflamado pela coragem que emana do próprio campo de batalha” é uma coisa que só um clérigo pode sentir!

E você, caro explorador, torne a divindade presente em sua vida, cite histórias, crie eventos do passado de sua divindade para inspirar seus aliados – e tenha certeza que o forjador de mundos vai utilizar uma boa história na descrição de suas divindades –, faça preces de batalha em voz alta antes de usar um poder! Tenha certeza que “eu lanço cura” nunca vai superar “Ó, Gloriosa Lena, senhora da vida, permita que minhas mãos fechem as feridas deste filho!” em termos de interpretação!

Como definir limites e restrições aos sacerdotes?

Mas veja que nem tudo são flores: Deuses devem impor restrições a seus seguidores. Existe uma escala de importância e peso nos limites que um sacerdote possui que vai de algo mais básico a restrições realmente pesadas. Em escala de importância, classifico as restrições em Tabus, Obrigações e Votos:

Tabus: Tabus são conjuntos de pequenas normas ou atitudes comuns que são proibidas ou restritas a determinadas culturas. Um sacerdote que quebre um tabu pode se redimir com jejuns, orações, claustro, punições físicas, confissão ou mesmo perdão concedido por um clérigo superior. Alguns tabus comuns incluem: Comidas, roupas, contato com determinado tipo de pessoa ou casta, relacionamentos com outras raças, mostrar ou esconder o rosto... Tabus abrangem um grande numero de restrições e pequenos rituais que são importantes para uma cultura ou indivíduo, mas que talvez não sejam partilhados por todos os seguidores de uma religião.

Tabus são as restrições mais leves de um sacerdote, e não implicam na perda de seus poderes (talvez uma penalidade de -2 em alguns testes) e pode ser redimido com confissões, jejuns e orações.

Obrigações: Obrigações são rituais básicos, mas obrigatórios, impostos aos sacerdotes. Aqui entram sacrifícios pessoais (como meditar algumas horas por dia, se punir fisicamente...), morais (tentativas de conversão, pregação em nome da divindade...) ou materiais (sacrifícios materiais, de animais...). Outras obrigações menos pesadas podem incluir cuidar dos templos, dar de comer aos pobres, abençoar cavaleiros e paladinos, tocar o sino da igreja, etc.

Uma obrigação violada pode implicar na perda temporária de alguns poderes do clérigo, mas também podem ser redimidas, seja através de uma missão sagrada mais leve, clausura ou outro tipo de imposição (como silêncio ou restrição alimentar), ou mesmo um período determinado pela divindade (que pode variar de um dia a um mês, por exemplo).

Votos: Os votos costumam ser as restrições mais pesadas impostas a um sacerdote. Enquanto a quebra de um tabu pode ser perdoada, a quebra de um voto pode render efeitos psicológicos graves a um indivíduo, podendo levar muito mais do que a perda de seus poderes... Alguns votos comuns são:
Castidade: O voto de castidade não permite que o clérigo mantenha contatos íntimos com o sexo oposto, com o mesmo sexo ou com o que quer que seja, mantendo-se casto e puro;
Celibato: Diferente da castidade, o voto de celibato não permite que o clérigo se case ou tenha uma família. Normalmente este voto é associado ao voto de castidade;
Clausura: O Clérigo é impedido de sair de um determinado local, seja este um quarto, mosteiro ou as imediações da cidade;
Honestidade: O Clérigo é proibido de mentir ou omitir informações;
Peregrinação: Pouco comum nos dias de hoje, este voto impunha uma busca perpétua por um ideal, tornando o sacerdote um monge peregrino;
Pobreza: O clérigo não pode acumular riquezas, doando todo o seu rendimento para sua igreja ou para os pobres;
Silêncio: O sacerdote é impedido de falar, seja por obrigação ou por sacrifício.

Quebrar um voto é algo grave e impõe pesadas penalidades (-2 em todos os testes, por exemplo) e a perda total de seus poderes, até que sua divindade o perdoe ou que uma missão sagrada seja cumprida pelo sacerdote.

Como diferenciar um Sacerdote?

È comum olharmos para os clérigos e enxerga-los de forma pasteurizada e semelhante: homens de toga ou batina com uma maça na mão, mas a verdade é que, assim como no mundo real, clérigos de cenários de fantasia são bastante variados. Novamente aqui entram as preferências da divindade: Uma divindade da chuva, por exemplo, que exige o uso de batinas, estola, casula e não permite o uso de armas cortantes talvez tenha um clérigo parecido com os padres católicos, vestidos de tons de azul e negro, portanto uma maça nas mãos; uma divindade solar pode exigir que seus sacerdotes usem saiotes brancos, amito, sandálias, coroas solares, apetrechos de ouro e permita o uso de espadas, neste caso nosso clérigo pareceria mais um faraó do que um padre católico. A diversidade de vestimentas é imensa, e pode até mesmo transcender o estereótipo das classes, com sacerdotes de divindades da magia impossíveis de se diferenciar de um mago ou clérigos de uma divindade bélica que não se diferenciam de um guerreiro ou cavaleiro (visualmente falando).

Veja que a diferenciação também é simbólica: se temos um bando de clérigos de Nereus, o deus das águas doces e do inverno, andando por aí, mas como diferenciar de poder? Uma opção bem interessante é usada pelos Meistres de GoT, onde cada um recebe um elo de corrente de cor específica a medida que aprende assuntos específicos. Outra opção é utilizar hierarquias e símbolos para diferenciar clérigos noviços de clérigos mais poderosos.

Bom, pessoal, acho que por hoje é só. Sei que ficaram assuntos sem abordar, como “como criar poderes para clérigos”, mas alguns temas que não abordei aqui são longos e complexos demais para este tipo de matéria (mas isso não significa que não vá escrevê-los no futuro).

Espero que tenham gostado e que os artigos tenham ajudado.

Não deixem de comentar, seu feedback é muito importante!

Templário de Thiro (casadoalquimista@gmail.com)
           

2 comentários: