segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Semana da Bruxa - Pedra Filosofal: A Ilha de Pracalta


Salve, Bravos!

Iniciando a contagem regressiva para o Dia das Bruxas, recebam como gostosura – ou travessura – um micro-cenário que pode ser incluído em qualquer cenário, em qualquer jogo e em qualquer época! Não localizei a ilha em nenhum cenário e nem um mapa, para dar total liberdade ao mestre para conduzir suas aventuras (mas posso providenciá-los caso vocês desejem).

No mais, boa leitura!

Ilha de Pracalta


Esta ilha só tem três coisas boas, filho... A sopa de peixe da taberna, o sol que bate dois dias no ano e Elleonor Bragança, a mulher mais bonita em muitas milhas. Fora isso, nada aqui tem sabor ou requinte. É uma ilha feia, fria e fedorenta... se quer meu conselho, volte por onde veio antes que se arrependa da viajem.

A Ilha Pracalta é uma ilha pequena, com cerca de 5km². Seu clima é frio e bastante chuvoso, o que garante névoa perene e pântanos escuros e gelados. Esta ilha foi a muitos anos o lar de uma bruxa poderosa, Irmã Briganne, uma sacerdotisa da velha religião que decidiu se isolar do continente para fugir da perseguição religiosa.

Durante duas décadas ela permaneceu reclusa, envolvida em seus estudos e em comunhão com a ilha, com quem dizem, irmanara em espírito e seguia como defensora. Ainda segundo as lendas, Irmã Briganne levantou todos os dolmens e templos da ilha com a ajuda de espíritos da terra, gigantes e fadas (embora pela idade das construções acredita-se também que estivessem aqui muito antes de Briganne chegar...).

Seus anos de retiro foram quebrados quando algumas família chegaram em busca de abrigo e de proteção contra uma revolta civil no continente. Incomodada com a situação mas ainda sim condoída da miséria sofrida por aquele povo, Briganne reservou alguns hectares à oeste de seu território para que um pequeno acampamento pudesse ser erguido.

Perseguição
Apenas alguns anos após a chegada na ilha, o acampamento tornara-se uma pequena vila de pescadores que na grande maioria do tempo deixavam a bruxa em paz, solicitando apenas alguns favores como bênçãos à plantações, bendições para crianças e para o gado ou pedidos de ervas para acalmar ou melhorar os ânimos de maridos cansados... era uma convivência harmônica, com ganhos e perdas para ambos os lados.

Até que o Inquisidor chegou.

Vindo do continente, o inquisidor Felippo de Aragão Almeida e Gajos não perdeu tempo em instaurar um tribunal eclesiástico na ilha e o espaço entre chegar e queimar Irmã Briganne não foi maior do que dez dias. Orgulhosos, Felippo ordenou que a casa da bruxa e alguns locais sagrados fossem destruídos e que ali fossem erguidos templos em nome de sua divindade. Matar um infiel não era pecado, afinal de contas, era a vontade de Deus. O convento foi erguido, uma ordem foi ali instalada e a bruxa caiu no esquecimento.

Maldição
            O que não é relatado nos ofícios de Felippo é que durante a construção a terra parecia revoltada: muros e pilastras eram jogadas no chão, homens engolidos por buracos e muitos trabalhadores enlouqueceram. Outros eram levados aos pântanos por uma voz sedutora e encontrados dias depois afogados e sem os corações.

Relatos de criaturas nunca vistas ali, como um cão negro com cabeça de coelho e chifres de cervo, passaram a ser comuns. Espíritos eram vistos na névoa. Aparições de fadas agressivas passaram a ser relatadas e num belo dia de missa uma gargalhada estridente e sinistra foi ouvida em todos os cantos da ilha. Felippo morreu em poucos dias, vítima do coração – ou da bruxa – o mar passou a ficar violento e a névoa mais espessa próxima ao aniversário de execução da bruxa. Os animais tornaram-se agressivos e as aberrações do pântano mais corajosas. A ilha foi – e ainda é – evitada pelos habitantes do continente e sua população foi hostilizada, o que os afastou ainda mais das terras além do canal...

Locais de Interesse
# Vila do Olho do Mar. Uma pequena vila pesqueira erguida a cerca de quinze anos. Ela é habitada por cerca de cem a cento e cinqüenta pessoas que moram em casa simples feitas de pedra e telhado de grama viva. Há apenas uma estrada na vila e as duas maiores construções do local são o píer, capaz de comportar cinco barcos pesqueiros de médio porte e a Taberna das Aleluias, que serve como hotel, taberna, prefeitura e salão de justiça, dependendo da ocasião.

A população é simples e pouco letrada, vivendo do que o mar lhes dá e das plantações de milho, cevada, feijão e leguminosas. Poucos se importam verdadeiramente com dinheiro aqui, e desejam ter apenas o suficiente para comer e vestir. Há um bom número de crianças e jovens no local.

A vila é “governada” por Silas Petes Vaus II, prefeito, juiz, banqueiro e escriba da cidade.

# Convento das Irmãs de Santa Agnis. Construído à mando de Felippo, o convento das Agnitas é um forte sólido, compacto e relativamente confortável, onde vivem cerca de vinte irmãs e trinta servos e servas. Irmã Speranza comanda o local.

# Pântano dos Murmútios. Um pântano como outro qualquer: Fétido e perigosos. É sempre frio aqui, mesmo quando o sol brilha e a névoa esta sempre alta. Dizem que aqui vivem ondinas ou sereias – a lenda diverge – canibais. Seja verdade ou não, sabe-se de pelo menos uma bruxa que fez deste terreno seu lar.
            Segundo algumas lendas, os restos mortais de Irmã Briganne foram jogados nas águas deste pântano.

# O Lago que Chora. Um dos mais misteriosos locais da ilha. Ele está próximo ao centro do lugar e à sua volta há dezenas de dolmens e pedras rúnicas. Dizem que em noites em que a lua cheia é visível e ilumina o lago, um murmúrio – como um choro fraco de mulher – pode ser ouvido saindo de suas águas...

Ilha Pracalta na Fantasia Medieval
            A Ilha Pracalta é um gancho que pode ser utilizado pelo Forjador de Mundos em aventuras onde haja necessidade de incluir o sobrenatural ou algum item necessário para a conclusão de uma aventura. Os personagens podem ser pagos pela igreja patrona de Felippo para investigar sua morte ou serem seguidores da velha fé que desejam mais informações sobre a bruxa.

            Pracalta pode ser usada também como uma espécie de meio-termo entre o mundo dos espíritos (ou plano das sombras, ou similar...) e o mundo dos vivos, ou mesmo como um portal entre seu mundo de campanha e outros cenários como Ravenloft ou Innistrad.

            O local ainda é uma terra sagrada para a velha fé, habitada por espíritos, fadas e pequenos animais míticos.

Ilha Pracalta na Fantasia Moderna
Em uma campanha moderna, considere que o vilarejo possui cerca de três séculos. O convento foi convertido em um hospital psiquiátrico no início do século XX, mas logo abandonado. Algumas lendas contam que o espírito da bruxa ronda o antigo convento e o pântano, que abrigaria hoje criaturas bizarra, híbridas entre homens e peixes.

A ilha foi alvo dos nazistas que acreditavam que o lago seria um portal para outro mundo e nas décadas de 60-90, o governo teria reativado o hospital psiquiátrico para fins de pesquisas militares envolvendo ocultismo. No século XXI muitas neo-bruxas buscam o lugar em busca de sabedoria e de uma possível conexão com Irmã Briganne.

Boatos e Rumores
# Um antigo espírito teria se apropriado do convento e qualquer um que ali habite está fadado a uma morte terrível;

# A bruxa teria, por um milagre, sobrevivido a sua punição. Ela se associou aos espíritos da natureza e busca purificar a ilha que ela e seus habitantes possam viver em paz;

# A bruxa teria, por um milagre, sobrevivido a sua punição. Ela teria feito um pacto com uma criatura terrível e ancestral, um deus-monstro vindo das estrelas. Ela teria desenvolvido o feitiço que criou os homens-peixe e deseja sacrificar todos os moradores da ilha para que o deus-monstro possa entrar em nossa realidade;

# A Ilha é um portal entre o presente e o passado, sendo o lago a entrada e saída deste portal;
# Muitas jovens da região estão se agrupando em um razoavelmente poderoso coven, guiado pelo espírito de Briganne. Não se sabe quais as intenções do grupo;

# (Fantasia Moderna) A Ilha se tornou uma base de experimentos genéticos e místicos do governo. Não houve resultado a curto prazo e o projeto foi abandonado, mas agora a ilha é infestada de aberrações, monstros e fenômenos estranhos;

Idéias para Aventuras
# A Bruma que não se põe: As brumas do fim da tarde vem persistindo dia após dia. Após algumas semanas elas simplesmente não se vão. Algumas crianças afirmam ter visto Irmã Briganne no meio do nevoeiro. Ela estaria pálida, com olhos vermelhos e grandes caninos sujos de sangue...

# Coração de Cavaleiro: Animais estranhos vêm atacando a população. Por mais que sejam combatidos eles apenas se afastam até a próxima noite. Uma lenda local diz que estas criaturas só poderão ser derrotadas pela Coração de Cavaleiro, uma espada antiga que teria sido lançada no Lago que Chora, poderia destruí-los. Ainda segundo a lenda, a guardiã do lago só cederia a recompensa após uma série de testes;

# Homens-Peixe: Pessoas estão desaparecendo na ilha, permanecendo desaparecidas por cerca de uma semana e depois voltam a suas vidas normais, como se nada houvesse acontecido. As autoridades afirmam que tudo não passa de uma brincadeira para espantar o tédio, mas o louco da cidade afirma categoricamente que os habitantes vem sendo substituídos por homens-peixes adoradores de uma divindade estelar antiga e que os verdadeiros moradores serão sacrificados em nome dela...

# O Murmúrio da Bela: O corpo de uma jovem é encontrado dentro de um olmeiro. Ela esta nua e coberta por símbolos pagãos. Três dias depois, outra jovem tem o mesmo destino.
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Espero que tenham gostado!

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Abraços Fraternos,


Templário de Thiro (casadoalquimista@gmail.com)

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