terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Destilando Conceitos - Muito mais que uma folha em branco, p.1

O Passado de um personagem é tão importante quanto seu presente ou futuro. Um personagem sem uma história é pouco mais do que uma folha em branco no começo de um livro esta ali para ocupar espaço, nada mais.

A criação do histórico é uma das partes mais divertidas da criação do personagem, mas ela é normalmente passada oralmente para o mestre e muitas vezes conhecida apenas pelo jogador que o criou e pelo mestre daquele grupo, o que não é errado, mas muitos detalhes são perdidos no meio do caminho; em outras situações, o jogador tem pouco tempo para preparar seu histórico e em alguns casos o histórico é completamente negligenciado! Não que seja impossível jogar com folhas em branco, mas um passado minimamente sólido pode ajudar e muito!

O intuito deste artigo é ajuda-lo a dar base a seu personagem da forma mais completa e fácil possível!

Então, mãos à obra!

É tentador fazer um personagem sem passado. Não ter que pensar em nada e só jogar é uma Utopia que pode funcionar para os jogadores durante um tempo, mas é um pesadelo em tempo integral para o mestre. Para facilitar o andamento do histórico, vamos dividi-lo em três sessões simples: Passado, Antecedente e Objetivo geral.

Passado
Mesmo que muitos digam o contrário, o passado é a parte mais fácil de um histórico. À não ser que você esteja jogando Dragonlance, Ravenloft ou qualquer coisa do mundo das trevas, um histórico curto de poucas linhas é mais do que suficiente para começar. Você não precisa escrever um romance de vinte e sete capítulos e trezentas e noventa e seis páginas para contar uma história, apenas traçar as informações gerais! Mas ao mesmo tempo, temos que tomar cuidado com a generalização e simplificação – ou simplorificação – excessiva: um guerreiro que aprendeu o manejo da espada com seu pai é muito mais do que um simples guerreiro que aprendeu o manejo da espada com seu pai!

Veja bem: ele possui uma família, ou pelo menos parte dela (o pai), que possui treinamento em um tipo de arma que não é comum a camponeses (espada) e que recebeu este treinamento por um motivo específico (um herói aposentado que se torne, digamos, um fazendeiro não precisa utilizar armas)! Além disso, nosso personagem se tornou um guerreiro e, uma vez que esta na estrada, um aventureiro.

Estas informações já são mais do que suficiente para começar, assim, com um pouco mais de palavras em uma frase temos: Meu personagem é um guerreiro que aprendeu  o manejo da espada com seu pai para ajuda-lo na defesa da fazenda em que vivia com ele e com suas irmãs, e da cidade contra os orcs. Quando se tornou mais velho, uniu-se a uma caravana de comercio como guarda-costas e permaneceu com ela até algumas semanas atrás, quando partiu para uma vida de aventuras.

Com poucas palavras a mais, temos um histórico simples, mas funcional. Assim, há quatro perguntas básicas que podemos fazer ao criar um personagem: O que ele é? Como se tornou o que é? Ele possui família? Por que partiu em aventuras? Não é perfeito, mas é funcional.

Antecedentes
Uma ferramenta extremamente útil apresentada pela nova edição do D&D são os antecedentes. Eles dão um pequeno fôlego e um direcionamento ao histórico com pouca ou nenhuma rolagem de dados. Particularmente acho que rolar dados para definir seu passado é um tanto preguiçoso, mas a ideia flui de forma muito limpa.

Em nosso cenário, Agartha, preferi utilizar uma apresentação mais limpa dos antecedentes, amarrados à mecânica de honra, que pode conceder alguns benefícios a mais ao personagem, mas num primeiro momento vamos nos ater ao que um antecedente pode fazer por seu histórico. Na abordagem que utilizaremos, temos três tipos de antecedentes: Sociais (que mostram o lugar de seu personagem no mundo e afetam sua honra), Situacionais (se livre ou não) e Profissionais (que mostram a escolha de ofício de seu personagem que pode ou não ter sido seguida vida a fora).

Ao criar um personagem devemos definir qual seu lugar na sociedade. Ele pode ser um Nobre (que pode ou não possuir terras) ou um Plebeu. Não há restrição na escolha de nenhum deles, mas um nobre provavelmente será alguém de poucas posses e um plebeu será vassalo de alguém quando situado em uma terra ou não terá apoio financeiro /jurídico quando em aventuras.

Em seguida, definimos qual a situação de nosso personagem. Ele pode ser livre (sem apego a nenhum senhor, mas com direitos a prestar juramento à quem quiser), juramentado (alguém que prestou juramento a uma pessoa ou ordem) ou escravo (posse de alguém).

O guerrreiro de nosso exemplo provavelmente seria um plebeu livre, uma vez que nasceu trabalhando a terra, mas partiu quando foi a hora.

Já os antecedentes profissionais represen-tam a escolha do personagem para ganhar sua vida. Ela pode ser seguida até este momento ou ter sido deixada para trás, mas faz parte da vida do personagem.

O antecedente não precisa necessariamente estar ligado a sua classe, assim, um personagem que escolheu o antecedente “acólito” pode ser um guerreiro, ou um “soldado” pode ter se entregue à vida monástica, por exemplo.

Para não nos delongarmos, não vou apresentar os anteceden-tes em todos os seus detalhes (deixemos isso para outro Arcanjo), mas os antecedentes profis-sionais estão divididos em seis categorias:

Acólito: Acolítos estão ligados à um credo ou igreja, servindo como mediadores entre suas organizações e os homens (Exemplos: Eremitas, Inquisidores, Monges, Padres, Pregadores, etc.);

Artista: Você vive de sua arte e das coisas que a natureza – ou algum mecenas – dá. (Exemplos: Arautos, Bardos, Escultores, Gladiadores, Pintores);

Criminoso: Criminosos são ligados ao submundo e às vigarices (Exemplos: Andarilhos, Cortesãs, Espiões, Ladrões, Vikings);

Escolástico: Sábios e eruditos, os escolásticos preservam conhecimen-tos do mundo (Exemplos: Alquimistas, Aprendizes de mago, Curandeiros, Herboristas, Mapistas, Sábios);

Soldado: O braço armado regular de alguma cidade, reino, nobre ou organização (Exemplos: Batedores, Caçadores, Cruzados, Ginentes, Milicianos, Regulares);

Trabalhador: Talvez o tipo mais comum, trabalhadores tiram da terra e de seu esforço o pão de cada dia (Exemplos: Fazendeiros, Ferreiros, Oleiros, Ourives, Pescadores, Tratadores);

Assim, nosso guerreiro pode ter começado sua vida como fazendeiro, miliciano ou guarda-costas de uma caravana, conforme seu histórico nos reza, mas esta escolha talvez mude tudo o que se sabe sobre o personagem.

Vejam que até aqui não falamos do presente ou futuro de nosso personagem-exemplo e seu histórico ainda pode ser resumido em uma ou duas frases. Isto não é errado, em especial para jogos em que a letalidade é alta, para mestres que amam TPK (Total Party Kill ou Todo o Grupo Morre), mas mesmo em jogos onde o histórico é mais valorizado, serve como ponto de partida. Mas o próximo tópico é essencial.

Objetivo Geral
O que move seu personagem? Isto pode parecer uma pergunta boba, mas não é. O que ele quer? Vingança? Riquezas? Poder? Deseja resgatar alguém ou mostrar o quanto é valoroso?

Até agora temos um personagem com passado, mas sem objetivo:

Meu personagem é um guerreiro, um plebeu livre, que aprendeu o manejo da espada com seu pai para ajuda-lo na defesa da fazenda em que vivia com ele e com suas irmãs, e da cidade contra os orcs. Quando se tornou mais velho, uniu-se a uma caravana de comercio como guarda-costas e permaneceu com ela até algumas semanas atrás, quando partiu para uma vida de aventuras.

Simples, curto, objetivo e satisfatório. Ou nem tanto. O último passo, o Objetivo Geral, será o diferencial aqui. O histórico de nosso guerreiro, quando dilapi-dado, com alguns pou-cos acréscimos, pode nos dar um número quase infinito de personagens. Então, vamos apresentar três deles como exemplo:

Falcão (Guarda-Costas)
Falcão é um guerreiro, um plebeu livre soldado mercenário, que aprendeu o manejo da espada com seu pai para ajuda-lo na defesa da fazenda em que vivia com ele e com suas irmãs, e da cidade contra os orcs. Quando se tornou mais velho, uniu-se a uma caravana de comercio como guarda-costas e permaneceu com ela até algumas semanas atrás, quando partiu para uma vida de aventuras.

Jovem e bem constituído, assistiu com tristeza a vida simples de seu pai, um trabalhador, perder pouco a pouco suas terras para um nobre local. Com pouca ou nenhuma ambição além de conseguir dinheiro para sua família ou quem sabe (objetivo geral), Falcão empresta seus trabalhos como mercenário e guarda-costas para quem puder pagar mais.

Galatéia (Fazendeira)
Galatéia é uma guerreira, uma plebeia livre, que aprendeu o manejo da espada com seu pai para ajuda-lo na defesa da fazenda em que vivia com ele e com suas irmãs, e da cidade contra os orcs. Quando se tornou mais velha, uniu-se a uma caravana de comercio como guarda-costas e permaneceu com ela até algumas semanas atrás, quando partiu para uma vida de aventuras.

Sempre ligada à vida na fazenda (trabalhadora: fazendeira) partiu com suas irmãs e seu pai para terras com oportuni-dades melhores. Após estabelecer sua família em uma cidade próxima, mas não satisfeita, despediu-se de seu pai e suas irmãs, prometendo voltar assim que conseguisse suas pró-prias terras (objetivo geral).

Urack (Miliciano)
Urack Urackson é um guerreiro, um plebeu livre, que aprendeu o manejo da espada com seu pai para ajuda-lo na defesa da fazenda em que vivia com ele e com suas irmãs, e da cidade contra os orcs. Quando se tornou mais velho, uniu-se a uma caravana de comercio como guarda-costas e permaneceu com ela até algumas semanas atrás, quando partiu para uma vida de aventuras.

   Urack chamou a atenção de um dos chefes da milícia local, que o recrutou para as muralhas da cidade, e em pouco tempo, Urack estava nas forças de defesa do reino. Hoje Urack deseja a todo custo tornar-se um oficial graduado e, quem sabe, até um cavaleiro (objetivo geral) para levar orgulho, honra e uma vida melhor a seu pai e irmãs.

Ainda falaremos mais sobre a criação de histórico de personagens, aguarde! 

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Abraços Fratentos!

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Essa ideia foi show de bola, parabéns pela força acredito que pode ser uma mecânica melhor desenvolvida pode trazer beneficioso para criação do background.

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  3. Sérgio "O Alquimista" Gomes28 de fevereiro de 2019 às 18:57

    Ficos felizes que tenha gostado e estqmos abertos a sugestões! :D
    Abraços!

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  4. Pra mim tá perfeito! Adorei.

    Ass: Franz Andrade.

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